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Arquitetos: LADO Arquitectura e Design
- Área: 1300 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: BRUMA, DCW EDITIONS, Duravit, FSB Franz Schneider Brakel, Fassa Bortolo, JUNG, Schmitt+Sohn, Siemens
Descrição enviada pela equipe de projeto. Reabilitação profunda de um edifício pombalino de sete pisos, com doze apartamentos e três espaços comerciais, num total de 1300m2 de área de construção. O edifício sofreu desde a sua construção, no fim do século XVIII, várias alterações que modificaram profundamente o seu carácter original. A intervenção redefiniu as tipologias dos apartamentos, introduzindo um elevador e substituindo todas as infraestruturas, conservando em grande parte os elementos estruturais, construtivos e decorativos originais. A Baixa de Lisboa, também chamada Baixa Pombalina por ter sido construída por ordem do Marquês de Pombal na sequência do terramoto de 1755, é uma grelha ortogonal formada por um conjunto de ruas rectas e perpendiculares entre si. É um conjunto de arquitectura notável, em que os edifícios têm uma arquitectura semelhante, com piso térreo para uso comercial e andares superiores para habitação.
O edifício encontrava-se em muito mau estado de conservação, com grande degradação da cobertura, das fachadas e do núcleo de escada. A reabilitação profunda do edifício restaurou a sua estrutura construtiva, dotando o conjunto de condições de habitabilidade capazes de responder aos padrões contemporâneos de segurança e conforto. A intervenção reformulou o interior das fracções, posicionando as zonas de dormir para a traseira do edifício, mais silenciosa e orientada a nascente, e as zonas sociais para a frente de rua. Do 1º ao 5º piso, o projecto define sistemas tipológicos idênticos, com dois fogos do tipo T2 por piso, simétricos.
A nova organização interior do espaço e o programa funcional permite uma vivência contemporânea aos espaços de habitar. Já do ponto de vista formal, a intervenção foi essencialmente contida, mimetizando o desenho de génese pombalina evitando, contudo, a criação de um pastiche. O projecto incluiu também a alteração da cobertura, aumentando a cota de cumeeira e introduzindo novas trapeiras, por forma a melhorar as condições de habitabilidade do 6º piso, onde foram criados dois estúdios de águas furtadas, com uma instalação sanitária e uma kitchenette.
Nas fachadas, e respeitando o plano de salvaguarda da baixa pombalina, a intervenção procurou manter e repor o mais possível a composição original dos elementos arquitectónicos originais, como sejam cantarias, frisos, cornijas e molduras dos vãos. Foram também utilizadas argamassas de cal nos rebocos de consolidação das superfícies e posterior pintura a tinta de base de cal. Nos espaços interiores, o projecto propõe uma reinterpretação contemporânea dos elementos fundamentais e característicos das casas pombalinas originais, com particular preocupação nas carpintarias - portas de duas folhas com bandeira envidraçada, portadas interiores nos vãos de fachada, vãos exteriores e rodapés altos.
Estes elementos foram repropostos nas mesmas proporções generosas e marcantes, mas numa versão assumidamente depurada e neutra do ponto de vista decorativo. Outro elemento de carácter contemporâneo introduzido foi a pedra, Mármore de Estremoz, utilizada em paredes, pavimentos e bancadas, nas cozinhas e casas de banho. Este material foi utlizado num desenho limpo e sóbrio fazendo a ponte com a imagem assumidamente minimalista do mobiliário fixo e dos acessórios como loiças, torneiras, ferragens, puxadores, interruptores e iluminação. O átrio de entrada do edifício, onde anteriormente funcionava uma tabacaria, foi recuperado, dando acesso à caixa de escada e ao novo elevador. Este espaço é, sem dúvida, o momento paradigmático do diálogo estabelecido entre passado e presente. A caixa de escadas, no centro do edifício, foi reabilitada com recuperação das suas paredes, pavimento, guarda metálica e tectos de madeira saia-e-camisa